sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Série Couro Noturno - episódio 3 - Não Esqueça a Uva

Não Esqueça a Uva


- Quieto agora.

- Sim, Madalena...

- Não... diga "sim, minha senhora".

- Sim... minha senhora...

- Ótimo.

Rodeei a cama, verificando as amarrações na cabeceira e nos pés da cama. Meu servo estava firmemente atado, pelos pulsos e tornozelos, imóvel com os braços e pernas abertos, como "o homem vitruviano" de Da Vinci. Postei-me ao pé da cama, de pé, com uma pequena chibata negra em punho. Ele não desgrudava os olhos de mim, devorando cada detalhe do meu corselete negro, da saia curtíssima que evidenciava-me as coxas, das meias-liga sete-oitavos quase totalmente ocultas pelas botas que iam até bem acima dos joelhos.

Ele estava praticamente hipnotizado. Imobilizado, sobre a cama forrada de cetim vermelho, totalmente à minha mercê, estava o meu belo Miguel. Vestia apenas uma cueca boxer branca; todo o restante de seu corpo estava à mostra e eu me deliciava com a visão dos seus  músculos jovens e esguios. Ele me encantava, com sua pele branca, os cabelos e a barba da cor do chocolate, e os olhos num belo tom de azul cinzento. Sem contar a boca cheia e rosada, que começava a escurecer para um nuance mais vinho sempre que ele ficava excitado.

Olhávamos fixamente um para o outro durante quase uma eternidade.

- Gosta do que vê, pivete?

- Você está maravilhosa, Madalena.

- Senhora! - repeti, estalando a chibata triangular de couro na coxa dele.

- Ai... está maravilhosa.. minha senhora... minha dona.

Fechei os olhos e respirei fundo, tentando manter o controle. Céus, como esperei por isso.

Aproximei-me dele, retirando da minha cintura uma tira negra de tecido. Vendei-lhe os olhos. Voltei a mesinha lateral e retirei, do interior da taça onde havíamos tomado vinho, uma uva verde, ainda congelada. Caminhei até ele novamente, ordenando que não se mexesse por nada. Então deposite na cavidade do umbigo de Miguel a uva gélida e molhada.

Ele se contraiu imediatamente, com a sensação inesperada, mas lutou para permanecer imóvel e acatar minha ordem.

- Quero que esta uva permaneça sobre o seu umbigo até que eu a retire. Se você se mover, ela cai, e você apanha. Entendeu, pivete?

- Sim, senhora.

- Muito bem.

Inclinei-me sobre a cama, e comecei e provocá-lo. Mordi-lhe a palma da mão aberta e em seguida abocanhei o dedão, chupando-o profundamente, raspando os dentes de leve vez por outra. Passei para o pulso e o mordi, então segui deslisando a pontinha da língua por todo o se braço estendido, até alcançar o bíceps. Ajoelhei-me na espaçosa cama ao lado do meu prisioneiro, e mordi aquele bíceps firme e alongado. Ele gemeu baixinho. Mordi e lambi mais uma vez o braço do meu belo Miguel, passando para o peito logo em seguida. Arranhei o peitoral dele, deixando a pele branca marcada. Mordi seu peito, massageando seu corpo com firmeza. Quando mordi um mamilo, ele gemeu alto. Não resisti a beijar-lhe a boca nesse momento.

Nossas línguas se procuravam, incansáveis, enquanto eu acariciava seu cabelo cacheado, a barba cheia e sexy e o pescoço grosso do meu guri. Recuei ao fim de um longo beijo, vendo-o ofegar de desejo, a boca linda num tom de vermelho escuro. Adorava observar suas cores mudando, dos lábios, da pele, à medida que ele se excitava mais e mais.

Voltando ao ponto onde eu havia parado, mordi-lhe o peito uma vez mais, e comecei a descer para o abdomem, mordendo e chupando, continuamente. Eu o deixava cada vez mais ofegante, enquanto observava a uva em seu umbigo tremer perigosamente.

- Pivete. - Chamei, entre uma mordida e outra.

- Senhora....?

- Não esqueça a uva. E a surra.

- Oh, Deus... sim, senhora. - ele suspirou, tentando manter-se imóvel novamente.

Continuei a mordê-lo, cada vez mais para baixo. Quando mordi-lhe o membro duro por cima da cueca, ele expirou o ar com força, tentando manter-se controlado. Então passei a massageá-lo, ainda por cima do tecido; com uma mão passeando por toda a sua ereção, outra no saco, acariciando-o e arranhando de leve.

Ele tentava bravamente se controlar, e eu podia sentir seu corpo inteiro rígido de desejo e tensão. Eu podia sentir a luta interna dele, a vontade de se entregar ao desejo de um lado e a torturante obrigação de me obedecer de outro. Como aquilo me enlouquecia! Adorava exercer meu poder sobre ele, mantê-lo sob controle, e ao mesmo tempo excitá-lo, desafiando-o a perder o controle. Amaria da mesma forma puní-lo se ele precisasse, e igualmente recompensá-lo depois com mais prazer do que ele jamais sonhara.

Com um rápido movimento, capturei a uva do seu umbigo com a boca, e a engoli.

- Está livre da provação, a uva se foi.

- Graças... - sussurou, aliviado.

- Quer me agradecer por isso?

- Adoraria, minha dona.

Deslizei minha calcinha até os tornozelos, livrando-me dela em seguida. Desabotoei a saia curta, jogando-a sobre uma cadeira. Nesse momento eu vestia apenas o corselet a as botas longas com meias de liga.

Subi na cama, ficando de pé sobre ela. Caminhei, com os pés dos dois lados do corpo de Miguel, até ficar acima da cabeça dele. Então abaixei-me, ficando de cócoras, com as coxas bem abertas, com meu sexo a apenas alguns centímetros de sua boca. Ele ficou bastante inquieto. Naturalmente, devia estar sentindo o cheiro da minha excitação e especulando sobre o que eu pretendia.

- Então me agradeça agora.. me faça gozar, Miguel. Quero sentir a sua boca em mim. Agora. - sussurrei, lânguida de desejo.

Imediatamente, senti sua língua quente na minha carne, invadindo-me, acariciando-me, deixando-me mais e mais sensível, e totalmente louca por ele... sentia meu coração acelerar, o orgasmo se aproximando, avolumando-se dentro de mim...

Tudo à minha volta se tornava difuso, como se eu adentrasse aos poucos outra realidade, que não aquele quarto onde eu e Miguel nos entregávamos um ao outro. Sentia-me leve, confusa... sentia a excitação e a certeza da presença de Miguel, seu contato com o meu corpo...

- Ahh...  Ahh, pivete... hmmm... pivete safado...

Senti-me mais tonta então... uma leve confusão... meu corpo sendo tocado... ouvia meu nome sendo pronunciado... Madalena...

- Madalena. Madalena, acorde. Madalena!

Abri os olhos, sobressaltada. Isaac, meu marido, estava ao meu lado, com suas enormes mãos em meus ombros, tentando despertar-me.

Isaac. Por Deus, Isaac. Estou em casa, no meu quarto, com meu marido. Jesus, eu estava sonhando... com Miguel. Oh, bom Deus...

- Madalena, o que ouve? Teve pesadelos de novo, meu amor? Você falava dormindo... algo sobre pivetes.

Jesus, Maria, José! Eu não acredito que eu disse isso em voz alta!

- Eu... eu não lembro. Ainda bem que me acordou, Isaac; já que eu falava dormindo, devia ser mesmo um pesadelo. Mas na confusão de acordar... eu não me lembro.

- Pobrezinha. - Isaac se aproximou e beijou-me o rosto - Você esta gelada, querida. Ainda deve ser do sonho. Venha. Vou te pôr num banho quente.

Isaac levantou-se da cama, estendendo a mão para mim. Segurei-lhe a mão e me deixei guiar. Já no banheiro da suíte, despi-me e enfiei-me no chuveiro, sem o menor estado de espírito para pensar em banheira ou sais de banho. Tudo que eu precisava era um bocado de água sobre a minha cabeça e o abençoado silêncio que se seguiria, enquanto ambos nos aprontávamos para mais um dia de trabalho.

Ensaboei-me tentando esquecer. Mas não conseguia virar a página. Eu falara "pivete" enquanto dormia. O quanto meu marido poderia tirar dessa informação? Será que acreditava mesmo que eu tivera um pesadelo com pivetes, ou apenas tentava me provocar? Teria notado algo mais? Teria percebido o quanto eu estava excitada quando despertei?

Do modo que Isaac é fechado, posso passar milênios sem descobrir coisa alguma. E não vai adiantar jogar indiretas; ele nunca as corresponde. Pensando bem, é melhor esquecer antes que eu enlouqueça. Foi um incidente isolado, e a palavra "pivete" em si não é nada comprometedor. Preciso apenas me acalmar, e virar a página. Mostrar-me prolongadamente tensa é que pode vir a levantar alguma suspeita.

Continuei a ensaboar-me, tentando limpar a mente deste assunto, começando a concentrar-me nas tarefas do dia. Podia ouvir a água da pia fazendo seu barulho característico, enquanto Isaac escovava os dentes. No final das contas, a rotina estava correndo como todas as manhã. Era melhor mesmo eu parar de me preocupar.

Isaac fechou a torneira, e bateu a escova de leve na borda da pia. Secou-se com a toalha de rosto, e ficou um momento em silêncio, frente ao espelho.

- Madalena?

- Hmm, querido?

- Quem é Miguel?

Ai... meu... Deus.



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Nota da autora: Os episódios anteriores dessa série podem ser lidos aqui:
Série Couro Noturno - episódio 1- O Diário
Série Couro Noturno - episódio 2 - Miguel

4 comentários:

  1. Showwww!!!
    No começo fiquei toda animadinha! Finalmente Madalena tinha conseguido fisgar o Miguel... Depois lamentei ter sido apenas um sonho mas o final foi FODÁSTICO! Abri um sorriso de orelha à orelha. Genial, Marcinha!

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    1. Obrigada, Sammy!
      Adorei ter enganado todo mundo, rsrs... Você não acham que eu ia entregar o ouro de bandeja pra vocês já, não é? Nananinanão! Há bastante água para rolar ainda... ;)

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  2. Amei, amei, amei. Tb fui enganada, achando que tava rolando...
    E que final é esse! quero ver como a Magdalena vai se livrar dessa saia justa.

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    1. Obrigada, Nanda! Te peguei também!
      Olha... essa saia justa vai dar pano para manga... Issac estará mais esperto daqui por diante.
      E Madalena terá de ter mais jogo de cintura do que nunca.

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